O pré-mercado já mostrava no exterior. Os pregões de ontem (8) em todo o mundo estiveram mais para correção – que nada mais é do que investidores vendendo ações depois dos ganhos acentuados dos últimos dias.
O clima de euforia diante da menor preocupação com a variante ômicron do coronavírus levou a bolsa brasileira a acompanhar os ganhos do exterior e, ontem, encerrar com a quarta alta seguida. Mas os negócios de hoje também estão em sintonia com o mundo e o Ibovespa mostrou oscilação no período da manhã.
Os investidores aqui também monitoram a movimentação no Congresso, em Brasília, em torno da PEC dos Precatórios e a emenda que permitiria o governo furar o teto de gastos em 2022 para o pagamento do Auxílio Brasil.
Após o encerramento dos negócios de hoje na bolsa, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vai anunciar a decisão de política monetária, ou seja, sobre a taxa básica de juros no Brasil.
A Taxa Selic está em 7,75% ao ano e deverá ser elevada para 9,25% ao ano nesta última reunião do Copom em 2021, segundo a maioria das estimativas do mercado.
Os juros básicos têm sofrido forte alta desde o início do ano – quando estavam em 2% – nesta difícil luta do Banco Central na tentativa de controlar o avanço da inflação.
BC eleva Selic a 9,25% e indica outro aperto de 1,5%
O Banco Central subiu a Selic em 1,5% pela segunda vez consecutiva, a 9,25% ao ano, em mais um passo de seu agressivo aperto monetário para conter a inflação, e indicou novo ajuste do mesmo tamanho na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro.
Em comunicado, o BC também indicou que agora passará a trabalhar para ancorar as expectativas de inflação em torno da meta, e não mais no alvo central definido pelo governo.
“O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”, disse.
“O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”
A magnitude da elevação foi ao encontro de expectativa unânime do mercado, de acordo com pesquisa Reuters com 31 economistas.
Com a investida, o BC fecha 2021 com a Selic 7,25 pontos acima da mínima histórica de 2%, nível atingido em meio à pandemia e que vigorou até março, numa tentativa de recolocar a inflação nos trilhos em meio ao galopante avanço de preços na economia.
Por que o governo não pode imprimir dinheiro para resolver os problemas do país?
O brasileiro é, por natureza, um especialista – em coisa nenhuma. Basta surgir uma polêmica ou um fato novo para, rapidamente, nos tornarmos experts e despejarmos todo o nosso conhecimento recém-adquirido (ou a falta dele) nas redes sociais. É assim com o futebol, principalmente em época de Copa do Mundo. Foi assim com a imunização contra a Covid-19, quando surgiram os “sommeliers de vacina”.
Recorrentemente, nos deparamos com “autoridades” desse tipo com soluções prontas para as mais variadas questões de gênero, raça, segurança pública e, claro, política.
Na economia não é diferente. Com a alta recente da inflação, causada em parte pela crise decorrente da pandemia, muita gente começou a discorrer sobre possíveis medidas que o governo poderia adotar para controlá-la. Uma delas é a impressão de dinheiro. Afinal, não seria difícil imprimir uma determinada quantidade de cédulas e usá-las para pagar dívidas, distribuir para a população e investir em saneamento básico, educação, saúde e outras demandas sociais.
No entanto, imprimir dinheiro e colocar para circular causa mais problemas do que soluções. Isso porque não há nada mais nocivo para uma economia do que a desvalorização da sua moeda. Mas, afinal, o que significa dizer que o dinheiro perde valor?
Em uma das colunas, falei sobre o que causa a inflação e sobre a relação entre oferta e demanda – regra básica da economia que faz os preços aumentarem ou diminuírem. Quando existe uma grande oferta de um determinado produto, ele perde o seu valor, ou seja, fica mais barato.
Com o dinheiro, a lógica é a mesma. Isso quer dizer que quanto mais dele em circulação, menos ele vale. E a principal consequência de uma moeda desvalorizada é a necessidade de uma maior quantidade para comprar tudo aquilo que precisamos – a famigerada inflação.
Um dos exemplos mais representativos dessa situação é a Venezuela. Com tantos problemas econômicos e sociais, o governo passou a imprimir dinheiro sistematicamente para acompanhar a inflação, que corrói os salários e, consequentemente, o poder de compra dos venezuelanos. No entanto, a medida provocou um aumento ainda maior dos preços – já que o dinheiro colocado em circulação não consegue acompanhar a alta. Para este ano, a projeção da inflação já supera 1.600%. Para se ter uma ideia, 1 milhão de bolívares equivale a US$ 0,50.
Por fim, uma moeda desvalorizada ainda faz com que o dólar fique mais caro – outro fator determinante para o aumento da inflação, já que boa parte dos produtos que consumimos, da matéria-prima necessária para a produção de itens em território brasileiro e até das máquinas são comprados fora do país.
A economia é algo extremamente complexo, que depende de várias engrenagens cuidadosamente ajustadas para funcionar bem. Por isso, não existem soluções óbvias para resolver os graves problemas do país. Cada medida, antes de ser adotada, precisa ser analisada em profundidade, sob pena de provocar consequências ainda mais graves do que o problema.
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