O mês de novembro foi marcado pela alta volatilidade no mercado financeiro nacional e internacional, causada por problemas econômicos e políticos. O resultado foi uma queda expressiva na bolsa brasileira, que acumulou perdas de 3,44%. Veja, a seguir, os principais fatos que impactaram os investimentos ao longo do mês:
Do início até o final do mês, os assuntos que mexeram com o mercado investidor foram praticamente os mesmos: os problemas econômicos.
Novembro não começou muito otimista por causa da inflação de outubro: 1,25%, levando o acumulado dos últimos 12 meses para além de 10%, o que é considerado um índice alarmante.
O sentimento de cautela dos investidores continuou depois que iniciativas do governo, como o Auxílio Brasil e a PEC dos precatórios – o assunto mais discutido no mês -, sinalizaram um possível aumento dos gastos e um rombo no orçamento planejado. A preocupação com o desequilíbrio que essas medidas podem causar nas finanças públicas, principalmente no futuro, foram se agravando.
Já a prévia da inflação oficial de novembro também não deu indícios de que o aumento dos preços poderia arrefecer: alta de 1,17%, a maior desde 2002. Assim, as projeções para o aumento de preços em 2021 subiram pela 34º semana seguida, chegando a 10,15%.
As primeiras semanas do mês foram marcadas pela temporada de balanços. Por lei, as empresas negociadas em bolsa são obrigadas a divulgar seus resultados financeiros uma vez por trimestre. No geral, as performances foram positivas, mas não o suficiente para manter a bolsa no azul.
Na reta final do mês, os mercados, de forma geral, sofreram mais um duro golpe: a notícia de uma nova variante da Covid-19. Detectada primeiro na África do Sul, a ômicron, como foi batizada, causou pânico de uma possível nova onda da pandemia No dia seguinte à descoberta, a bolsa brasileira caiu mais de 3%.
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Qual é a solução para a inflação?
A inflação é um dos problemas mais nocivos para a economia de um país, uma vez que impacta diretamente a renda da população e, consequentemente, seu poder de compra. Ao fazer isso, provoca uma bola de neve: as pessoas compram menos, as empresas produzem quantidades menores e as receitas caem. Para se manterem vivos, os negócios fazem ajustes que, quase sempre, passam pelo corte de pessoal. O desemprego aumenta, as pessoas compram menos ainda e o ciclo de deterioração segue o fluxo.
Na última coluna, falamos sobre o que causa a inflação. Agora, vamos discutir as principais medidas que o governo poderia adotar para controlar a alta de preços, tema que vem nos acompanhando – e preocupando – nos últimos meses.
O principal mecanismo usado pelos estadistas para controlar a inflação é o aumento da taxa básica de juros – aqui no Brasil, a famosa Selic. Como ela influencia os demais índices do país, quando o governo decide pelo aumento, empréstimos e parcelas rotativas dos cartões de crédito ficam mais altas. Uma atitude que freia o consumo e, consequentemente, promove um maior controle da inflação.
Além disso, a elevação da taxa Selic também provoca o aumento da rentabilidade dos investimentos de renda fixa pós-fixada (como o Tesouro Selic e os CDB’s). Dessa forma, a população tem mais incentivo para investir e poupar dinheiro – em vez de sair gastando. Isso também ajuda os preços a caírem – a tal lei da oferta e da procura.
Alívio temporário para mercados e um mundo sobrecarregados
Ontem (1) foi um dia de alívio aos mercados em todo o mundo, após as perdas acentuadas de véspera com os temores sobre a gravidade da nova variante do coronavírus, a ômicron.
Na Europa, os índices encerraram com ganhos expressivos em torno de 2%. Nos Estados Unidos, as bolsas operam em alta consistente acima de 1% enquanto os investidores aguardam para amanhã o anúncio do presidente Joe Biden sobre o plano de contingência para evitar uma maior disseminação da nova cepa em território norte-americano.
A variante ômicron já foi encontrada em todos os continentes do mundo. Aqui no Brasil, houve casos confirmados na região Sudeste e no Distrito Federal.
Mas os investidores resolveram aproveitar o dia para comprar bons ativos a preços atraentes nos mercados globais.
Na bolsa brasileira, os investidores pegam carona no bom humor externo e o Ibovespa segue com valorização firme acima de 1%.
Em geral, os investidores aguardam a divulgação daqui a pouco, às 16h, do Livro Bege pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA. O documento traz informações sobre a economia nos diferentes distritos em que a autoridade monetária possui uma unidade no país.
Outro ponto de tensão poderá ser o atrito diplomático entre EUA e Rússia em relação à permanência de equipes de embaixadas nos dois países.
Por enquanto, o assunto ainda não tomou maior proporção, mas uma guerra fria neste momento crítico para o mundo inteiro poderá representar uma sobrecarga aos mercados – e para todos nós.
Balança comercial tem pior resultado em novembro em sete anos
A balança comercial brasileira teve déficit de US$ 1,3 bilhão em novembro, pior resultado para o mês desde 2014 (US$ -2,7 bilhões), alcançado em meio ao avanço mais expressivo das importações, movimento que tem sido observado há meses.
O resultado, divulgado hoje (1º) pelo Ministério da Economia, veio em linha com estimativa de analistas de um saldo negativo de US$ 1,2 bilhão, conforme pesquisa da Reuters.
No mês passado, as exportações ficaram em US$ 20,3 bilhões, alta de 23,2% pela média diária. Os volumes vendidos caíram 5,6%, enquanto os preços subiram 24,1%.
As importações, por sua vez, saltaram 53,1% na mesma base, a 21,6 bilhões de dólares, puxadas tanto pelo aumento de preços (+34,7%) quanto pelo volume comprado (+4,5%).
No acumulado de janeiro a novembro, o superávit da balança é de US$ 57,2 bilhões, contra saldo positivo de US$ 47,7 bilhões do mesmo período do ano passado.
Para 2021, a expectativa mais recente do Ministério da Economia, divulgada em outubro, foi de um superávit comercial de US$ 70,9 bilhões, o que seria um valor recorde para a série, iniciada em 1989.
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