O&P: Em time que está ganhando não se mexe
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Ontem (22), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, agradou os participantes do mercado com a decisão de manter Jerome Powell para mais um mandato no comando do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos.
Muito se especulou sobre a substituição de Powell por Lael Brainard, integrante do FED desde 2014, que possui uma linha mais progressista. Com a decisão de Biden, Brainard foi nomeada vice-presidente do FED para este novo termo.
Para justificar a decisão, Biden ressaltou as qualidades de Powell, principalmente na condução da economia dos Estados Unidos durante a crise causada pela pandemia de Covid-19.
Como ajuda para a recuperação do país, o FED realizou um plano muito comum lá que é a “injeção de dinheiro” no mercado por meio da compra de ativos. No auge deste programa, o banco central chegou a comprar US$ 120 bilhões por mês em títulos do Tesouro (Treasuries) e também ligados a hipotecas. O valor total deste dinheiro extra colocado na economia ultrapassou US$ 4 trilhões.
Só há poucos meses, o FED optou por reduzir estas compras, gradualmente. Antes disso, deu avisos sistemáticos e com bastante antecedência ao mercado.
Agora, aumentam as especulações em torno de quando o FED vai aumentar a taxa básica de juros, que foi reduzida para perto de zero durante a crise também como ferramenta para estimular a economia.
Se Brainard fosse escolhida, uma decisão mais tardia para a elevação dos juros básicas seria a hipótese mais provável, segundo as apostas do mercado. Com Powell, esta alta dos juros – também chamada de “aperto monetário” – deve começar mais cedo. Afinal, a recuperação da economia norte-americana vai muito bem, mas a inflação lá também assusta.
A consequência imediata da escolha de Biden foi um ânimo a mais nos negócios nas bolsas dos EUA ontem, que contagiou também a bolsa brasileira.
Isso quer dizer que, embora os investidores da renda variável não gostem muito deste papo de alta de juros, eles também são avessos às mudanças. Prezam a previsibilidade.
Prova de que, em qualquer lugar do mundo, a regra para o investidor de bolsa de valores é igual à do futebol: em time que está ganhando, não se mexe.
Governo melhora projeção de déficit primário em 2021 a R$ 95,8 bilhões com arrecadação maior
O Ministério da Economia divulgou ontem (22) que vê o déficit primário do governo central fechando 2021 em R$ 95,8 bilhões, menor que o rombo de R$ 139,4 calculado em setembro, em nova melhora da projeção decorrente de uma arrecadação mais forte.
O dado consta em relatório de receitas e despesas e corresponde a 1,1% do PIB, frente a déficit de 1,6% do PIB apontado no relatório anterior.
O novo número foi guiado principalmente por uma perspectiva de maior arrecadação, após a equipe econômica ter elevado em R$ 47,7 bilhões essa conta, a R$ 1,556 trilhão em 2021. Já as despesas estimadas foram elevadas em R$ 4,1 bilhões no ano, a R$ 1,651 trilhão.
Mercado passa a ver inflação acima de 10% este ano
A expectativa do mercado para a inflação este ano chegou aos dois dígitos na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central ontem (22), com os especialistas passando a ver ainda mais aperto monetário em 2022.
O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do IPCA em 2021 chegou a 10,12%, de 9,77% na semana anterior, bem acima do teto da meta –3,75% com margem de tolerância de 1,5% para mais ou menos.
Para 2022 o cenário também é de inflação maior, de 4,96%, contra taxa de 4,79% esperada antes, aproximando-se cada vez mais do teto do objetivo –neste caso de 3,50%, também com margem de 1,5%.
Ao mesmo tempo, a pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda perspectiva de maior aperto monetário em 2022, com a taxa básica de juros Selic calculada agora em 11,25%, de 11,00% na semana anterior.
Para este ano permanece a perspectiva de aumento de 1,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária do ano, em 7 e 8 de dezembro, com a Selic fechando 2021 a 9,25%.
Por sua vez, o cenário para o Produto Interno Bruto (PIB) continuou a piorar. Agora as estimativas de crescimento do PIB são de 4,80% em 2021 e 0,70% em 2022, contra 4,88% e 0,93% antes, respectivamente.
Para 54% dos brasileiros, falar sobre dinheiro ainda é tabu
Para 54% dos brasileiros, o dinheiro ainda é um tabu a ser superado. O dado foi levantado pelo banco BV, em parceria com o Instituto Mindminers, em uma pesquisa realizada com 2.200 pessoas em todo o país. De acordo com os números obtidos, mais da metade dos entrevistados prefere não tocar no assunto no dia a dia.
Para 59% dos brasileiros, o principal motivo de receio é a segurança, enquanto 58% dizem que não querem chamar a atenção de oportunistas. Além desses, outros 41% ainda assumem que não sabem como conversar sobre finanças.
Por outro lado, grande parte das pessoas abordadas afirmam que o tabu é “negociável”. Ou seja, se o assunto fosse tratado de maneira mais leve e despretensiosa, 58% dizem que passariam a gostar de trocar informações sobre o tema. Assim como os 55% que acreditam que, se bem conduzido, esse diálogo ajudaria a solucionar alguns problemas comuns da vida financeira.
Segundo um dos economistas do BV, Carlos Lopes, o hábito de falar sobre dinheiro é importante, mesmo que pareça desconfortável. Para ele, as pessoas precisam ter em mente que é possível realizar essa troca sem, necessariamente, entrar em detalhes e falar sobre valores pessoais.
Além disso, no caso de casais e famílias, o bate-papo pode servir como pontapé inicial para equilibrar o orçamento da casa. Uma das dicas do especialista é iniciar a conversa a partir de tópicos comuns, como o planejamento de uma viagem, de um filho e até da aposentadoria. “Quanto mais a gente fala sobre um assunto, mais leve e natural ele fica. A conversa deve sempre buscar a racionalidade no tema, assim evitam-se discussões ou decisões impensadas”, diz.
É por isso que, recentemente, a instituição financeira criou o movimento “Falar de Dinheiro”. A ação acontece nas redes sociais e conta com a participação da atriz Taís Araújo, que comanda a conversa sobre finanças com anônimos e famosos, entre eles, a ex-BBB Thelminha, o casal Ceará e Mirella, o ator Thiago Martins e a skatista Pâmela Rosa.
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